Se conviver com crianças e mães já traz em si um encanto todo especial, imagina com mães de crianças portadoras de câncer?
Quando o câncer é diagnosticado, começa o calvário da família inteira. Vi homens que largaram suas famílias a partir da descoberta de tal fato. Foram desgraçadamente covardes. Homens de pequena estatura moral.
Como disse, o aprendizado que se tem dentro de um hospital de câncer não tem tamanho, de tão grande.
Assim como vi pais fracos, vi mães de um amor tão imenso e de uma grandeza tão especial que só se explica com a onipresença de Deus.
Outro dia, vi uma mãezinha bonita, com pouco mais de trinta anos, trazia uma cabeleira basta, ondulada, cheia de brilho, bem cuidada... linda!
Sua filha jovem, pouco mais de doze anos já sem cabelos, por conta da quimioterapia, reclamava da falta de cabelos, chateadíssima!
Naquele sábado fizemos nosso trabalho com muita alegria, dando uma força a todos, inclusive aquela mãe maravilhosa, como as outras tantas, todas heroínas de cada dia.
Terminando, seguimos nossa vida esperando o próximo sábado.
No outro sábado, tivemos uma surpresa atada a uma emoção comovente. Não havia como não chorar. Aquela menina, antes careca e triste, ostentava, agora, na sua felicidade incontida, uma cabeleira negra linda, linda, lindíssima! E a mãezinha estava careca, carequíssima, com a cabeça totalmente raspada. Mas ostentava uma alegria que a tornava ainda mais bela.
O milagre do amor. Aquela mãezinha, naquele mesmo sábado, foi ao cabelereiro e mandou raspar seu cabelo para fazer a peruca negra da sua pequena doente.
E agora, ambas, pareciam, até, mais cheias de vida, iluminadas!
O que seria do mundo sem os sacrifícios das mães?
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
HISTÓRIAS DA VIDA = Merlânio Maia
Nesse espaço de tempo que venho trabalhando com crianças portadoras de câncer, cada momento é novo, cada um tem a sua história, seu jeito, suas manhas e manhãs, sem falar nas experiências fora do Hospital.
Algumas vezes, quando tenho oportunidade de fazer palestras, sobre o Boneco de Lata em colégios, empresas, associações, etc. Fica evidente que ninguém mais me trata normal. Às vezes me sinto um ET, visto que alguns me olham com a cara de espanto, outros de devoção, outros de admiração e respeito, mas do jeito que cheguei não há como sair mais.
Tempos atrás, quando estava no começo do Boneco de Lata, que eu ia sozinho com meu violão para a Pediatria do Hospital, cheguei a convidar pessoas para me acompanharem na faina sagrada do brincar; porém as experiências eram as mais dolorosas. Um amigo meu, chegou e me disse: Merlânio, preciso acompanhá-lo nesse trabalho do Hospital, há algum mal nisso?
Não! Foi minha resposta. E assim fomos.
Era um domingo de manhã e ele comprou alguns brinquedos para distribuirmos e eu estava adorando sua motivação. Fiquei tão envolvido com tanto brinquedo que, ao chegar à Pediatria, corri feito um louco para distribuir presentes e rever meus “velhos-pequenos” amiguinhos.
E contei histórias e cantei e, óbvio, entreguei os presentes e depois de algum tempo lembrei do meu amigo. Procurei, procurei e nada... Sondei as enfermarias e ... nada.
Então pedi licença e desci do primeiro andar e foi ali que o encontrei na pracinha com os olhos vermelhos incandescentes e soluçando sem parar.
- Não, Merlânio, dizia entre os soluços, não posso ver essas crianças. Com criança eu não fico que é muito doloroso.
Eu o abracei e lhe disse: - Calma, fulano, o importante é ser feliz, pois quem é que em sã consciência pode dizer que tem mais que o presente pela frente?
Me despedi dele com um abraço e voltei a faina sagrada do brincar, mas ficou uma lição no meu coração e nunca mais levei pessoas para conhecer o trabalho sem antes preparar seu espírito, pois nem todos podem ver Deus no tempo de cada um, bem como entender que o tempo presente é o maior presente doado pela vida para sermos intensamente felizes. Agora!
Algumas vezes, quando tenho oportunidade de fazer palestras, sobre o Boneco de Lata em colégios, empresas, associações, etc. Fica evidente que ninguém mais me trata normal. Às vezes me sinto um ET, visto que alguns me olham com a cara de espanto, outros de devoção, outros de admiração e respeito, mas do jeito que cheguei não há como sair mais.
Tempos atrás, quando estava no começo do Boneco de Lata, que eu ia sozinho com meu violão para a Pediatria do Hospital, cheguei a convidar pessoas para me acompanharem na faina sagrada do brincar; porém as experiências eram as mais dolorosas. Um amigo meu, chegou e me disse: Merlânio, preciso acompanhá-lo nesse trabalho do Hospital, há algum mal nisso?
Não! Foi minha resposta. E assim fomos.
Era um domingo de manhã e ele comprou alguns brinquedos para distribuirmos e eu estava adorando sua motivação. Fiquei tão envolvido com tanto brinquedo que, ao chegar à Pediatria, corri feito um louco para distribuir presentes e rever meus “velhos-pequenos” amiguinhos.
E contei histórias e cantei e, óbvio, entreguei os presentes e depois de algum tempo lembrei do meu amigo. Procurei, procurei e nada... Sondei as enfermarias e ... nada.
Então pedi licença e desci do primeiro andar e foi ali que o encontrei na pracinha com os olhos vermelhos incandescentes e soluçando sem parar.
- Não, Merlânio, dizia entre os soluços, não posso ver essas crianças. Com criança eu não fico que é muito doloroso.
Eu o abracei e lhe disse: - Calma, fulano, o importante é ser feliz, pois quem é que em sã consciência pode dizer que tem mais que o presente pela frente?
Me despedi dele com um abraço e voltei a faina sagrada do brincar, mas ficou uma lição no meu coração e nunca mais levei pessoas para conhecer o trabalho sem antes preparar seu espírito, pois nem todos podem ver Deus no tempo de cada um, bem como entender que o tempo presente é o maior presente doado pela vida para sermos intensamente felizes. Agora!
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